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NOSSA EVOLUÇÃO E A DESNATURALIZAÇÃO DAS CONDUTAS

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NOSSA EVOLUÇÃO E A DESNATURALIZAÇÃO DAS CONDUTAS

Em suas reflexões sobre a Ética, Edward Moore observa que, sem dúvida, a Ética está preocupada com a questão do que significa boa conduta. De fato, julgar a conduta humana buscando conhecê-la e valorá-la é o exercício da ética. Esta reflexão, todavia, busca apontar o caminho do que é “Bom” e “Correto” em relação ao que o homem faz ao seu semelhante, apenas.

A Ética, destaque-se, não é um produto acabado, ao contrário, é uma construção contínua e inesgotável na medida em que, a cada momento, a conduta humana deve ser alvo da reflexão crítica. Sobre este ponto, convém observar que as primeiras elucubrações acerca do valor ético das ações humanas remonta aos pensadores pré-socráticos que fizeram apontamentos de uma proto-ética, seguindo um caminho natural de evolução com Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos eles, inseridos em uma sociedade escravocrata, situação sobre a qual não manifestaram qualquer tessitura crítica.

Disto se observa que no constructo de mundo daquela época, o escravo não era um semelhante, e sim uma coisa que poderia ser usada, comprada e vendida. A coisa que servia nos lares gregos não era detentora de direitos, assim sendo a própria ação de escravizar não era vista como errada. Escravizar um homem de um povo subjugado, do qual se usurparam as terras, riquezas e a própria liberdade não era compreendida como uma violência, e sim como o comezinho, aquilo sobre o que não cabe reflexão.

Escravizar na antiga Grécia era natural como conversar. Essa noção de naturalidade deriva de um conceito, profundamente arraigado de “direito natural”. Algo intrínseco ao homem cujo exercício não constitui qualquer afronta à moral. O homem tem naturalmente o direito de se alimentar, por exemplo, assim sendo o ato de se alimentar não constitui ação passível de ser avaliada em termos de “boa” ou “má” ação. Este ato só passa a ser alvo de reflexão se recai sobre outro ser humano. Alimentar-se é algo natural, alimentar-se de outro ser humano é algo que poder examinado sob o prisma da reflexão ética.

Portanto, ao longo dos séculos, nossa evolução moral esteve sempre atrelada à desnaturalização de certas condutas. Neste momento, em que se discute o efeito da ação humana sobre o clima do planeta e suas potencialmente catastróficas consequências, temos uma oportunidade singular de rediscutir a relação entre o ser humano e os demais seres vivos do planeta e, ao nos debruçarmos sobre este tema, começar a sopesar de forma crítica os comportamentos que repetimos e aceitamos como naturais.

Não deve ser interpretado como natural submeter outros seres vivos ao sofrimento apenas para garantir aos seres humanos um instante de distração ou o prazer de uma carne mais macia. Não se pode reputar natural exterminar populações inteiras de um ecossistema apenas para que extração de madeira, ignorando completamente o direito à vida das próprias árvores e das demais formas de vida que sobrevivem nos biomas florestais. Enfim, não pode ser compreendido como natural o mais antinatural dos comportamentos: a destruição intencional e desenfreada do próprio ambiente do qual dependemos para sobreviver neste planeta.

Temos uma necessidade premente da construção de um novo parâmetro ético que vá além da crítica do que o homem faz a seu igual, abarcando a compreensão do valor moral das ações humanas quando impactam outras formas de vida, que embora biologicamente diversas de nosso gênero e espécie, são ao fim e ao cabo, detentoras do mesmo direito que nós temos à vida neste planeta.

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NOSSA EVOLUÇÃO E A DESNATURALIZAÇÃO DAS CONDUTAS

Em suas reflexões sobre a Ética, Edward Moore observa que, sem dúvida, a Ética está preocupada com a questão do que significa boa conduta. De fato, julgar a conduta humana buscando conhecê-la e valorá-la é o exercício da ética. Esta reflexão, todavia, busca apontar o caminho do que é “Bom” e “Correto” em relação ao que o homem faz ao seu semelhante, apenas.

A Ética, destaque-se, não é um produto acabado, ao contrário, é uma construção contínua e inesgotável na medida em que, a cada momento, a conduta humana deve ser alvo da reflexão crítica. Sobre este ponto, convém observar que as primeiras elucubrações acerca do valor ético das ações humanas remonta aos pensadores pré-socráticos que fizeram apontamentos de uma proto-ética, seguindo um caminho natural de evolução com Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos eles, inseridos em uma sociedade escravocrata, situação sobre a qual não manifestaram qualquer tessitura crítica.

Disto se observa que no constructo de mundo daquela época, o escravo não era um semelhante, e sim uma coisa que poderia ser usada, comprada e vendida. A coisa que servia nos lares gregos não era detentora de direitos, assim sendo a própria ação de escravizar não era vista como errada. Escravizar um homem de um povo subjugado, do qual se usurparam as terras, riquezas e a própria liberdade não era compreendida como uma violência, e sim como o comezinho, aquilo sobre o que não cabe reflexão.

Escravizar na antiga Grécia era natural como conversar. Essa noção de naturalidade deriva de um conceito, profundamente arraigado de “direito natural”. Algo intrínseco ao homem cujo exercício não constitui qualquer afronta à moral. O homem tem naturalmente o direito de se alimentar, por exemplo, assim sendo o ato de se alimentar não constitui ação passível de ser avaliada em termos de “boa” ou “má” ação. Este ato só passa a ser alvo de reflexão se recai sobre outro ser humano. Alimentar-se é algo natural, alimentar-se de outro ser humano é algo que poder examinado sob o prisma da reflexão ética.

Portanto, ao longo dos séculos, nossa evolução moral esteve sempre atrelada à desnaturalização de certas condutas. Neste momento, em que se discute o efeito da ação humana sobre o clima do planeta e suas potencialmente catastróficas consequências, temos uma oportunidade singular de rediscutir a relação entre o ser humano e os demais seres vivos do planeta e, ao nos debruçarmos sobre este tema, começar a sopesar de forma crítica os comportamentos que repetimos e aceitamos como naturais.

Não deve ser interpretado como natural submeter outros seres vivos ao sofrimento apenas para garantir aos seres humanos um instante de distração ou o prazer de uma carne mais macia. Não se pode reputar natural exterminar populações inteiras de um ecossistema apenas para que extração de madeira, ignorando completamente o direito à vida das próprias árvores e das demais formas de vida que sobrevivem nos biomas florestais. Enfim, não pode ser compreendido como natural o mais antinatural dos comportamentos: a destruição intencional e desenfreada do próprio ambiente do qual dependemos para sobreviver neste planeta.

Temos uma necessidade premente da construção de um novo parâmetro ético que vá além da crítica do que o homem faz a seu igual, abarcando a compreensão do valor moral das ações humanas quando impactam outras formas de vida, que embora biologicamente diversas de nosso gênero e espécie, são ao fim e ao cabo, detentoras do mesmo direito que nós temos à vida neste planeta.

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